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Mulher Mecânica

Mulher Mecânica

Éder Luiz

Éder Luiz

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Mulher em profissão de homem? Que nada! Já foi-se o tempo em que a discriminação entre os sexos impedia uma mulher de ocupar o trabalho de um homem ou vice-versa. São mitos do passado e que hoje fazem o dono de casa, o enfermeiro, o telefonista, o secretário, o faxineiro. E vai muito além: hoje tem a médica, a soldadora, a executiva, a empresária, a caminhoneira e a mecânica.

Neste nosso caso em especial, a mecânica de veículos pesados. Não é serviço para qualquer um não. Tem de ter jeito, força e, ao mesmo tempo, sutileza. A caixa de ferramentas pintada de rosa não é apenas um utensílio de enfeite na mecânica. Entre parafusos grandes, chaves pesadas, soldadores, parafusadeiras pneumáticas e muito material pesado está Suélen Cristina Cordeiro. Ela sempre quis conduzir caminhões. No meio familiar, dois irmãos já dividem o aconchego da casa com a praticidade da boleia. Em casa, tem o marido que conduz uma carreta Brasil afora. Vontade ela tem ainda, mas o que faltou é a coragem. E é por isso que ela deixou de lado as viagens para ajeitar a vida daqueles que viajam. Ela trabalha na Manos Implementos Rodoviários, em Videira, e um de seu serviço é alongar chassis. É uma das mulheres que vestiram o macacão e encararam o desafio de trabalhar em uma profissão em que os homens são a grande maioria. Não há estatísticas que revelem quantas mulheres são mecânicas no país, mas elas começam a ser notadas, em um universo que, até pouco tempo, era somente masculino. E aprendeu tudo o que sabe dentro da oficina. A representante feminina da oficina E não é qualquer um que consegue ter a habilidade de Suélen. A única representante do sexo feminino dentro da oficina diz que nunca houve problemas e que há um respeito mútuo dentro e fora do trabalho. “Vim para ser soldadora e acabei na mecânica. Fiz um estágio, espécie de teste, e fui aprovada. Descobri que este trabalho me realiza”, comenta. A frustração pelo medo que teve de encarar as estradas não é mais problema. Dentro de uma oficina, pode conviver com um setor que ela desde sempre gostou. Diferentemente dos veículos leves, como o nome já diz, o serviço é pesado. Mesmo com o uso de equipamentos para subir e descer partes metálicas, a força dos braços ainda é muito necessária. Ela cita o exemplo da parafusadeira pneumática. “Além do jeito, tem de ter força. É um equipamento pesado. As chaves são maiores do que as usadas em carros ou motos. Mas quanto mais força eu faço, mais eu me animo em fazer mais. Não vejo problemas em relação ao trabalho. Não é o óleo ou o peso que me deixa desanimada ou me causa desconforto. Sou uma mulher trabalhadora”, frisa. A caixa cor de rosa De longe dá para ver o local onde Suélen trabalha. Em uma das laterais da oficina da empresa, é possível visualizar uma caixa de ferramentas cor de rosa. “Quando fui contratada, depois de passar nos testes, mandei pintar de uma cor que eu sempre gostei. E todos me respeitam. Trabalhamos todos juntos e temos o objetivo de fazer o melhor serviço aqui dentro”, conta. Na caixa, todo equipamento que precisa para a execução do serviço. Não se engane que a cor torna uma pessoa diferente das demais. A cor diferente serve até para distinguir as ferramentas dos colegas. “Poderia ter deixado na cor que estava, mas o rosa dá um toque especial aqui dentro. Não se engane quem pensa que isso significa menos trabalho. Trabalho tanto quanto os meus colegas”, frisa. O apoio vem de casa. O marido incentiva Suélen no trabalho. O pensamento agora é para seguir na carreira e fazer algum curso relacionando ao assunto. A qualificação, segundo Suélen, é fundamental para prestar um serviço ainda melhor, melhorando a qualidade e as técnicas usadas. “Tenho o apoio do meu marido na minha profissão. Ele sempre me incentiva a seguir e me dedicar ainda mais”, acrescenta. Quem pensa que mulher e óleo não combinam está enganado. Mesmo trabalhando em meio aos homens, vestindo macacão e cabelos presos, ela não deixa a vaidade de lado. “Podem me avistar aqui dentro com óleo na mão, ferramentas pesadas, mas sou guerreira e vaidosa também. É meu trabalho, a profissão eu que tanto gosto. Aqui me respeitam como colega de trabalho e mulher”, finaliza.


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