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Geral

Natal Solidário no presídio regional

Atualmente milhares de presos cumprem pena de forma subumana em celas superlotadas, apinhados uns sobre os outros.

Éder Luiz

Éder Luiz

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Atualmente milhares de presos cumprem pena de forma subumana em celas superlotadas, apinhados uns sobre os outros. O sistema carcerário se propõe a recuperar e reeducar os presos e prepará-los para retornar à sociedade e se tornarem produtivos para que não reincidam em práticas delituosas.

A população carcerária brasileira passou de 514 mil detentos em dezembro de 2011 para 550 mil em junho de 2012. Os números foram apresentados, pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O aumento chega a 35 mil detentos no Brasil, um aumento significativo e preocupante. Infelizmente não é que ocorre, e cada vez mais presos são reincidentes e retornar aos presídios. Na maioria das unidades os presos ficam na maior parte do tempo ociosos. Em Joaçaba, por exemplo, o Conselho da Comunidade criado em dezembro de 2010, e tem com função principal intermediar ações junto aos órgãos do governo com o intuito de melhorar as condições dos apenados. Entre elas a reinserção social, que incluem a oferta aos detentos de oportunidades de capacitação profissional e de trabalho. Projetos de ressocialização, que envolvam as empresas em oferecer serviços aos presos, são realizados com a intenção de inseri-los novamente a comunidade. Hoje sete empresas disponibilizam vagas direcionadas aos presos, as quais pagam um salário por mês. Desse valor, 75% ficam disponíveis ao presidiário para que ele possa usar depois do cumprimento da pena ou então ele autoriza um familiar a movimentar a conta. A quarta parte do valor é destinada ao conselho para a implementação de ações. Natal Solidário Mas outro projeto beneficia presos do sistema penitenciário da região. Foi idealizado ainda em 2002 pelo advogado e vereador eleito para o mandato de 2013/2016, Éber Marcelo Bundchen, que atua na área criminal, convive e conhece a realidade dos apenados. “Muitos presos não possuem parentes, amigos, filhos e esposas para lhes ajudar, principalmente com roupas, calçados, alimentos e material de higiene. O Estado providencia menos que o básico, deixando muitas vezes estes presos em situação desumana, por falta de recursos para este fim”, diz. Esta situação de abandono e descaso se agrava principalmente nesta época do ano, no Natal, onde as famílias estão reunidas, congratulando, festejando, ceando, perdoando e amando uns aos outros. “O projeto nasceu diante do desamparo, abandono e total descaso ou inexistência de familiares dos presos condenados ou provisórios que estavam no Presídio Regional de Joaçaba, de Xanxerê e na Penitenciária Agrícola de Chapecó, além de abranger para Concórdia e em 2008 na Cadeia Pública de Capinzal”, explica. O projeto beneficia do sistema penitenciário da região, atingindo Detentos de Joaçaba, Concórdia, Xanxerê e Chapecó, bem como da UPA (Unidade Prisional Avançada) de Campos Novos e o CASEP (Centro de Atendimento Sócio Educativo Provisório), onde os adolescentes também precisam de um incentivo e de um auxilio especial para não voltar a delinquir. Éber realiza trabalhos com o intuito na recuperação de presos desde 1998 juntamente com a Igreja Luterana. “Todos lembram as pessoas carentes, crianças pobres, dos doentes nos hospitais, etc., porém, dificilmente lembram-se dos encarcerados. Visito vários presídios e penitenciárias todos os anos, em especial no Natal”, diz. As empresas parceiras do projeto são: Zé das Persianas, Coperio, Carrocerias Ford, Andrade Materiais de Construção e, através de convênio o Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit) realizou o projeto “Caminho Limpo”, onde presos ajudaram na melhoria e limpeza das rodovias. Além de dezenas de pessoas físicas que também contribuem para o projeto. Desde 2004, com base em levantamentos feitos através de Mutirão Carcerário, em mutirões realizados para revisão de penas dos presos em Joaçaba, foram constatados que muitos detentos estavam presos mais tempo do que precisavam. “Muitos não tiveram escolha, estavam detidos de forma injusta ou fizeram escolhas ruins”, destaca. “Nem todos são culpados ou culpados na proporção que acham que ele é. Como advogado criminalista o que busco, não é isenção de pena. Bem longe disso, acho que cada um tem que pagar pelos seus erros, mas sim uma pena justa”, diz. “Sou cristão e também defendo o direito do cidadão ser defendido, é uma questão constitucional. E deixar um cidadão preso tempo há mais, resolverá o que?”, diz o advogado, defendendo as penas alternativas e os projetos de ressocialização. O projeto tem um custo de R$ 8.400,00 e beneficiará 1485 presos da região. O montante é levantado através de apoio de diversas empresas para a compra de doces como balas, bombons, chocolates. Além de livros, que são adquiridos na Editora CPTN de São Paulo, e bíblias que são ofertadas pelos Gideões Internacionais. Também é ofertado curso bíblico por correspondência. “Até Jesus Cristo foi preso e condenado. Paulo, Felipe, Daniel e tantos outros homens de fé. Ninguém está livre de uma injustiça, e mesmo aqueles que muito erraram, devem ter a chance de se recuperar, lembrar que alguém importa com eles e quer que eles sejam honestos, trabalhadores e que saiam pessoas melhores do que entraram”, ressalta Éber. “O intuito é levar mensagens de esperança e carinho”. A confecção dos pacotes com as guloseimas foram feitas na quinta-feira (20) e as entregas nesta sexta-feira (21) em Concórdia, Chapecó e Xanxerê. Outros pacotes serão feitos com os donativos no sábado (22) e domingo (23) e a entrega será feita em Campos Novos. E em Joaçaba no Presídio Regional e CASEP, será feita na segunda-feira, dia 24. “Há cerca de 14 anos, estamos trabalhando em prol do auxílio a estes presos, doando livros de ajuda, sobre depressão, alcoolismo, drogas, coragem em tempos difíceis, rejeição, etc., tentando educar, elevar a moral, ensinar e trazer conforto a estes detentos, além de demonstrar que Deus é o caminho para uma vida melhor e mais justa. Para se ter uma ideia nos últimos anos já entregamos mais de sete mil bíblias para os presos”, explica o advogado, ressaltando houve redução no número da população carcerária na região de 2011 para 2012 em cerca de 400 pessoas. Antes 1800 presos da região eram beneficiados com o projeto, hoje são 1485. “Estes presos não tem ninguém por eles, estão completamente abandonados. Não são lembrados ou recebem qualquer palavra de conforto, devendo alguém lembrar deles e esta é a ideia. Ajudarmos nosso próximo”. “Como diz a Bíblia em Mateus 25, 36: “Estive preso e fostes me visitar”. Com este lema, providenciamos visitas aos presos durante todo o ano, mas principalmente no Natal, queremos levar um pequeno presente, para que eles saibam que existe alguém, que voluntariamente, sem pedir nada em troca, lembra deles”, diz o advogado. “Levamos uma mensagem de conforto, demonstrando que Deus ama a todos seus filhos, que mesmo quem errou, se pedir perdão, Deus irá perdoar. Que se o arrependimento for verdadeiro, as vítimas de atos ilícitos, irão perdoar, e os detentos deverão sair da cadeia, homens bem melhores do que entraram. Que devem pagar sua dívida com a sociedade e voltar a ela acreditando em um mundo justo, fazendo o bem ao próximo e ter uma vida correta para nunca mais voltar à prisão”, conclui Éber Bundchen.


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