Monumento Frei Bruno – O símbolo de Joaçaba e as mãos que o criaram
Escultor que deu vida a estátua de Frei Bruno conta que inspiração para a obra veio das lembranças e dos encontros com o próprio religioso.
Escultor que deu vida a estátua de Frei Bruno conta que inspiração para a obra veio das lembranças e dos encontros com o próprio religioso.
Quem mora em Joaçaba, Herval e Luzerna já se acostumou a ter sempre presente a figura imponente de Frei Bruno, como a que a zelar pelas três cidades que foram sua última parada nesta vida antes de partir para ser lembrado como santo. O monumento em homenagem ao religioso está situado em um ponto que pode ser visto de vários pontos e que por sua vez, lá de cima, dá vista ao belíssimo vale que se revela aos seus pés.
Já considerado com o símbolo maior de Joaçaba, o monumento a Frei Bruno é um ponto de passagem para turistas e local considerado sagrado para quem busca no religioso a fé para alcançar graças e pedir bênçãos.
Mas especialmente para uma pessoa é um pouco mais do que isso. Cláudio Silva, de 70 anos, é o homem que deu formas a estátua de Frei Bruno. Num final de tarde ensolarado em Joaçaba ele mais uma vez subiu a rampa que leva aos pés da estátua para contar como concebeu o monumento. Com fala mansa e convicção nas palavras, acredita que realmente essa é a obra de sua vida, mas em nenhum momento deixa a vaidade transparecer, faz sim questão de agradecer a quem apoiou o projeto, que no começo parecia difícil de concretizar. Foi a Câmara dos Dirigentes Lojistas de Joaçaba (CDL), que levou adiante o sonho do monumento, mas que teria nas mãos de Cláudio a maior responsabilidade. O artista lembra que o começo foi modesto, mas aos poucos as dimensões aumentaram.
-Esse projeto começou em 2000, quando conversei com o padre Luiz Carlos Bortolozo, ele falou para fazermos um Frei Bruno de 4 metros em frente a catedral Santa Terezinha. Em casa fiz um esboço e quando voltei ele falou que já havia uma ideia maior, de fazer o monumento mais ou menos neste local atual. Foi então que começamos a conversar com a CDL e planejar. No começo tinha 8 metros, depois passou para 10, 16 e até chegar ao ideal. Conversei então com o arquiteto Jaison Strapassola para que ele fizesse a parte do pedestal e apresentamos o projeto para o então presidente da CDL, Jhonny Bortoluzzi, que gostou e começou a buscar as verbas necessárias para desenvolver.
Até se chegar a ideia do material que seria usado várias alternativas surgiram, foi optado então pelo isopor. Mas algo nesta escala nunca havia sido feito pelo escultor. Foi preciso pensar para se chegar a conclusão de como montar cada peça.
– Fiz um projeto pequeno, de 1 metro e 60, mas eu nem sabia como eu ia desenvolver uma obra dessa natureza, por que não era pra ser tão grande. Passei noites pensando e em determinado momento tive a ideia de dividir ele a cada 2 metros e meio. O Material que usamos facilitou muito. Outros monumentos, como o caso do Cristo Redentor, eram peças muito pesadas e demoradas. No Cristo foram mais de 200 funcionários trabalhando, já neste caso em que usamos o isopor era apenas eu e mais um funcionário. Minha parte foram três anos com o isopor, depois mais um ano para uma empresa revestir com fibra e mais um ano para a montagem.
Para encontra inspiração no processo de concepção artística, Cláudio diz que buscou em sua memória os momentos em que esteve pessoalmente com Frei Bruno. Ainda quando criança o escultor pode conviver com o religioso e confessa que o que se fala até hoje sobre sua figura de fato é verdade. Tratava-se de uma pessoa iluminada.
-Conheci Frei Bruno quando eu tinha 10 ou 12 anos. Ele foi à casa do meu avô, que estava doente e se tratando em Porto Alegre. Ele falou então para o meu avó que só precisaria ir mais uma vez para se tratar e não precisaria mais, que ficaria curado. Realmente o problema de saúde desapareceu. Também o encontrava em uma antiga igreja, por sinal muito bonita, toda em madeira, que ficava próxima a onde hoje é o hospital de Luzerna. Lembro que ele sempre estava lá sentado no confessionário, ficava muito tempo lá. E vi também ele muitas vezes caminhando de Joaçaba a Luzerna a pé. Ele foi uma pessoa iluminada que deixou um legado de bondade, serenidade, espiritualidade e tantas coisas boas.
Atualmente o monumento é constantemente visitado por pessoas de todas as partes do país. Visitantes que querem conhecer mais sobre o homem que pode se tornar santo, já que existe um processo de beatificação encaminhado, o que poderá evoluir para a canonização.
Para o artista é uma realização. E algo inimaginável pra mim, por que de fato quando lembro do trabalho e quando vejo a estátua pronta me vem toda a realidade. Certo dia encontrei com escultores da família Thaller, de Treze Tílias e estávamos observado o monumento, eles disseram que era algo que precisava ter coragem para fazer, por que não é fácil fazer um trabalho nessas proporções. O material não tem previsão de desgaste é feito para durar em torno de 500 anos e ainda mais com a manutenção e pintura de tempos em tempos, então ele tem mais tempo além disso, vai ir além dessa geração e o mais importante, lembrando do trabalho de todos aqueles que se empenharam para que fosse possível, além é claro, de lembrar a figura de Frei Bruno.
Mais sobre o monumento
O monumento foi inaugurado em 2008 e é considerado o 3º maior das Américas, com 37 metros de altura, menor apenas que o Cristo Redentor (40m) e a Estátua da Liberdade (57m).
No pedestal da estátua está localizado o museu que lembra a vida de Frei Bruno e também detalha o processo de concepção do monumento. O espaço está aberto diariamente das 14h às 19h. Maiores informações podem ser obtidas pelo telefone: (49) 3522.2807
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