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ONG Amigos dos animais – Sementes do bem são plantadas para garantir vida digna aos animais

ONG Amigos dos animais - Sementes do bem são plantadas para garantir vida digna aos animais

Éder Luiz

22 de janeiro de 2015 às 15:27

Processos abertos pela ONG contra agressores

Reportagem Jessica Galhotto

A função da ONG Amigos dos Animais de Joaçaba é apurar denúncias de maus tratos e abandono de animais domésticos e silvestres. Karine Lopes, presidente da Ong, relata o procedimento padrão: “Chegando ao local informado, damos um prazo de 2 dias úteis para o responsável pelo cão fazer o que é preciso, seja arrumar uma casa, corrente, coleira, alimentar corretamente ou apresentar um laudo veterinário com prescrição médica. Apresentado isso no prazo estipulado, o dono continua com o animal, mas voltamos ao local após duas semanas para conferir se a condição do animal melhorou. Se a pessoa não cumpriu o combinado ou em casos mais graves de maus tratos fazemos um boletim de ocorrência contra o proprietário e recolhemos o animal. Este, fica provisoriamente na casa de uma protetora ou protetor até encontrar um novo lar. O objetivo da ONG não é apenas recolher animais mal cuidados, mas sim cobrar a responsabilidade do proprietário do animal por sua saúde e bem estar.”

A associação fundada em 2007 conta com 23 voluntários. Cada membro fica com os celulares por uma semana, fazendo rodízio, mas estão sempre trocando informações sobre as denúncias que chegam pelo telefone, facebook ou pessoalmente. Parece bastante o número de voluntários, mas ainda é pouco, pois a ONG atende aos municípios de Joaçaba, Herval d´Oeste e Luzerna e “todos os dias tem denúncia,”afirma Karine.

Ser um protetor exige muito mais que amor pelos animais, exige coragem para enfrentar pessoas descontroladas, que ao avistar alguém da ONG querem espantar, com ofensas verbais, toalha molhada, facão e ameaças. Exige também determinação para buscar doações e a garantia de seus direitos. Uma vitória da ONG foi a aprovação da Lei de castração, n° 4528 de 26 de setembro 2014 que conforme descrito no terceiro artigo, prioriza as castrações dos animais da ONG ou que estão em posse da ONG Amigos dos Animais. O controle de animais domésticos já era realizado através da lei n°4092 de 25 de março de 2011. Porém, os procedimentos de castração eram encaminhados apenas pela vigilância sanitária e a partir do ano passado, a ONG passou a ter prioridade nos atendimentos, já que na maioria dos casos, a ONG se responsabilizava pelos cuidados pré e pós-operatórios dos animais de rua ou resgatados em situação vulnerável. Desde 2011 já foram realizadas mais de 200 castrações pelo convênio com a prefeitura. Além das castrações pelo município, a ONG realiza o mutirão de castração em parceria com a clínica Auquemia. A cada 20 dias, 15 a 20 animais são esterilizados, principalmente as fêmeas, pelo procedimento ovariohisterectomia, retirada do útero e dos ovários. A proprietária da clínica, Camila Quiben, realiza as cirurgias voluntariamente e as participantes da ONG auxiliam os procedimentos, pagam a medicação e realizam os cuidados de pré e pós operatório. Muitos desses animais são encaminhados para abrigos de cuidadoras em Herval d´Oeste. São pessoas que tem em casa mais de 40 animais e cuidam por amor. Não tem intenção em doá-los, não sabem negar ajuda quando algum animal aparece. Mas a ONG ajuda com estrutura, ração e cuidados médicos.

Outra ajuda importante é do 13° Batalhão da Polícia Militar Ambiental de Herval d´Oeste, como explica o tenente Tatiano Cabral: “Através de um projeto, que converte a multa de alguns crimes ambientais em valores destinados para projetos sociais. Desde maio 2014 quando foi assinado o termo, até a renovação do mesmo, que vale por um ano, serão destinados em torno de 30.000 reais.” Além da ajuda financeira a PM Ambiental ajuda a apurar as denúncias de maus tratos e abandono na região, sempre que possível, já que a unidade de Herval d´Oeste atende diretamente 19 municípios, apurando denúncias relativas a animais silvestres, corte irregular de árvore, pesca predatória, entre outros e não consegue atender a todos os chamados.

Apesar de todo o apoio da polícia ambiental, os boletins de ocorrência amparados pela Lei Federal 9.605/98 – dos Crimes Ambientais, abertos na Polícia Civil estão sem solução até hoje. Inclusive o caso do cão queimado, resgatado na Vila Cordazzo em outubro do ano passado que ainda não foi apurado. O animal foi resgatado pela ONG muito debilitado e o não resistiu à agressão, pois foi muito grave. Enquanto isso, a presidente da ONG, Karine Lopes teve de comparecer ao Judiciário, no dia 11 de novembro, para responder ao crime de invasão de uma casa para socorrer um animal.

São inacreditáveis os casos relatados pela ONG, alguns animais são abandonados no mato para morrer, amarrados em árvores, sem condições de buscar água ou comida. Alguns presos em cordas ou arames, que acabam degolando os animais, como o recente caso bastante divulgado pelo Facebook. A cadela estava presa com uma corda tão forte e grosseira que com o atrito abriu o pescoço. A cadela não resistiu ao ferimento e deixou 6 filhotes que foram alimentados pelos voluntários. Dos 6 filhotes, 3 já foram adotados e os outros 3 estarão para adoção na próxima feira, que acontecerá dia 07 de fevereiro, na clínica veterinária de Arca de Noé, que já inaugura como parceira da Ong. A clínica será na avenida Caetano Natal Branco, número 641. Outras clínicas parceiras que cobram um preço reduzido e doam cirurgias são a Auquemia, Ilha Dos Bichos e Dr. Dogs. A Ilha dos Bichos especificamente doa gratuitamente castrações e cirurgias ósseas.

As despesas são altas, pois nenhum animal chega até a ONG saudável. Quando resgatados filhotes é necessário desverminar e vacinar, quando adultos tem desverminação, vacinas, bernes, bicheiras, entre outros problemas. Conforme relata a veterinária da Auquemia, Camila Quiben: “tem animais que não conseguem ficar em pé de tanta fome, sede, alguns chegam muito debilitados.”

Além de diminuir os problemas de maus tratos e recuperar a saúde dos animais, a ONG está trabalhando com a conscientização das crianças para evitar futuros agressores. Plantando a semente do bem nas escolas da região. A psicóloga e professora Martha Costa conta histórias de cães que foram mal tratados, fala sobre a necessidade dos cachorros, dos cuidados que precisam e do trabalho da ONG. Isso tudo acompanhada de sua “garota propaganda”, uma São Bernardo abandonada sem água, sem comida, trancada na casa da qual os donos foram embora. Bella já estava idosa e fora explorada para a venda de filhotes, decorrente da idade e dos maus tratos, sofria com três tumores. Hoje ela vive outra realidade, está totalmente saudável e faz a alegria de quem a encontra. Muito dócil, desperta emoções positivas e acalma as crianças. “A ONG precisa pensar no futuro, despertar novos protetores e começar desde cedo a criar uma cultura de amor e proteção aos animais” enfatiza Martha.

Além de emocionante, o trabalho da ONG é um serviço de utilidade pública. Se não fossem os protetores que auxiliam aos órgãos públicos, se não tivesse quem fizesse esse trabalho, imagine como estariam as cidades em que atuam? O foco por esse ângulo é o bem estar da sociedade, por isso são muito importantes as doações de ração, material de construção e financeiras. A ONG é mais uma semente do bem que gera doces frutos. O melhor deles é a adoção responsável, quando o animal, gato ou cachorro, encontra um lar que vai cuidar dele e amá-lo como precisa. O novo dono terá a partir de então, um amigo fiel e grato, que também lhe dará carinho pelo tempo que for possível.