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Polícia dá detalhes de tragédia na Serra

Polícia dá detalhes de tragédia na Serra

Éder Luiz

Éder Luiz

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Desentendimentos por causa de uma ação trabalhista teriam motivado o funcionário aposentado do Banco do Brasil Aldori Tadeu Córdova, de 65 anos, a atirar contra o advogado Gilberto Xavier Antunes, de 51 anos. O crime aconteceu na segunda-feira (08), por volta das 10 horas, no escritório do advogado, nos fundos do Fórum Nereu Ramos. Mais tarde, Ivonete Luiz Schmidt, mulher do aposentado, foi encontrada morta no apartamento do casal.

Segundo testemunha que estava na recepção do escritório na hora do crime, Córdova entrou nervoso e agitado; teria conversado rapidamente com Antunes, pedindo para discutir o seu processo contra o Banco do Brasil. Antunes solicitou que o cliente esperasse, virou-se e seguiu para o escritório. Nesse momento, Córdova sacou um revólver calibre 38 e atirou duas vezes pelas costas do advogado.

Os tiros atingiram as costas e a cabeça de Xavier, que caiu no corredor que liga a recepção ao seu escritório. Instantes depois, o aposentado se matou dando um tiro no peito. O Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) foi chamado ao local, onde encontrou Xavier ainda com vida. Ele foi levado à emergência do Hospital Nossa Senhora dos Prazeres, mas não resistiu aos ferimentos e morreu por volta das 11 horas.

O delegado Augusto Mello Brandão estava próximo do local do crime quando ouviu os disparos e correu, sendo um dos primeiros a chegar à cena do crime. Brandão conta que encontrou Xavier e Córdova caídos, ambos ainda respirando. “O atirador ainda estava respirando, então eu tirei o revólver da mão dele para evitar que disparasse novamente”, completa.

Ainda consternados pela morte de Córdova e sem entender o que estava acontecendo, familiares e amigos ficaram chocados no início da tarde ao receber uma segunda notícia: sua esposa, a professora Ivonete Luiz Schmidt Córdova (idade não divulgada), foi encontrada sem vida no apartamento onde morava, no Edifício Fabíola, no Centro de Lages.

Logo após a notícia, diversos boatos sobre a causa da morte de Ivonete surgiram. Dentre eles, a hipótese de que Aldori pudesse tê-la matado antes de ir ao escritório do advogado. Quando o Instituto Geral de Perícias (IGP) chegou ao local, encontrou frascos de remédio na casa, o que poderia indicar que ela teria cometido suicídio. A terceira hipótese apontava que a professora pode ter tido um mau súbito ao receber a notícia do fato envolvendo o marido.

Até o final da tarde de ontem, a real causa ainda era desconhecida. Segundo informações do IGP, o corpo da professora não apresentava ferimentos que indicassem o uso de violência física. Seus órgãos foram encaminhados para análise em um laboratório anatomopatológico (que estuda as peças alteradas do organismo por processos patológicos) de Florianópolis, para identificar a causa. O resultado deve sair em 60 dias e, até o momento, o IGP não descarta nenhuma hipótese.

Já o delegado que investiga o caso, Raphael Bellinati, afirma que tudo indica que ela teve um mau súbito. Para ele, estão praticamente descartadas as hipóteses de homicídio ou suicídio, pois os medicamentos encontrados não seriam capazes de provocar uma morte. “Só a análise dos órgãos vai dizer o que realmente aconteceu”, reitera.

Servidor aposentado escreveu carta explicando o que teria motivado o crime

O Instituto Geral de Perícias (IGP) foi chamado ao local, onde encontrou no bolso de Aldori Tadeu Córdova uma carta direcionada à família de Gilberto Xavier Antunes, na qual explica os motivos que o levaram a cometer o ato.

Segundo o delegado da Polícia Civil que está cuidando do caso, Raphael Bellinati, por meio da carta Córdova explica que Xavier teria deixado de reunir provas e documentos no processo trabalhista contra o Banco do Brasil. Além disso, o advogado teria desfavorecido o cliente, fazendo um acordo com o banco.

O que chamou a atenção, segundo Bellinati, é o fato de a carta estar com data do dia 27 de junho, o que demonstra que Córdova planejou o crime. “Foi um crime premeditado, a carta estava escrita há duas semanas”, analisa.

O processo trabalhista foi aberto em 1999 e arquivado em 2010. As informações são da diretora da 2ª vara da Justiça do Trabalho de Lages, Deise Brandalise. Segundo ela, esta seria a razão da discussão entre Xavier e Córdova. “Ele [Córdova] tinha até ganhado a ação e recebido a indenização”, informou Deise. O valor da indenização não foi informado. “Ele nunca esteve aqui para reclamar, nunca percebemos problemas com ele”, afirma a diretora.

O crime chocou os funcionários da Justiça do Trabalho. Em função disso, as audiências que estavam marcadas para ontem e hoje foram adiadas.


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