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Presa mulher que integrava quadrilha de tráfico de pessoas

Presa mulher que integrava quadrilha de tráfico de pessoas

Éder Luiz

Éder Luiz

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Uma ação das diretorias de Inteligência da Polícia Civil de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Pará, aliada com a atuação dos policiais da Delegacia de Herval d´Oeste, resultou na prisão, nesta quinta-feira, 22, em Passo Fundo, de Claci de Fátima Morais da Silva, de 42 anos, foragida do estado do Pará. Segundo investigação, ela é envolvida com quadrilha de tráfico de pessoas.

Conforme o que foi apurado, a presa, que residia em Herval d´Oeste, era responsável pelo recrutamento e acolhimento de mulheres em suas boates, localizadas nas cidades catarinenses de Joaçaba, de Herval d´Oeste e de Capinzal. Depois, as mulheres eram repassadas para outro investigado, também gaúcho, que fazia o transporte ao Pará, onde as vítimas eram exploradas sexualmente.

A prisão

A prisão teve essencial participação dos policiais civis de Herval d´Oeste – que já a acompanhavam desde a emissão do mandado de prisão em fevereiro – e da DIPC, que conseguiram localizar Claci, que estava viajando em um caminhão para Passo Fundo. Todo o percurso foi monitorado pelos policiais catarinenses até o esconderijo na cidade gaúcha. Em seguida, a equipe policial avisou a Inteligência da Polícia Civil do RS, que cumpriu o mandado.

Claci foi encaminhada para a Delegacia de Pronto Atendimento de Passo Fundo, onde foram realizados os procedimentos cartorários e, posteriormente, encaminhada ao sistema prisional no estado gaúcho e já está sendo providenciada a sua transferência para o Pará.

Parte da quadrilha, já havia sido no mês de fevereiro deste ano, na cidade Altamira, no Pará. Na época, foram liberadas 17 mulheres, além de um travesti e uma adolescente.

Crimes

Claci e os demais integrantes da quadrilha que estão presos responderão por tráfico de pessoas para exploração sexual; por submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de exploração sexual pessoa menor de 18 anos; por induzir ou atrair alguém à prostituição ou outra forma de exploração sexual; por manter, por conta própria ou de terceiro, estabelecimento em que ocorra exploração sexual, visando lucro, ou por mediação direta do proprietário ou gerente, e por tirar proveito da prostituição alheia, participando diretamente dos lucros ou fazendo-se sustentar, no todo ou em parte, por quem exerça a prática ilegal.

Relembre o caso

Nove mulheres de Joaçaba que eram mantidas em cárcere privado em um prostíbulo próximo a construção da Usina de Belo Monte, no Pará, foram libertadas em fevereiro deste ano pela polícia.

No local a Polícia Civil de Altamira, encontrou mulheres e uma travesti em regime de escravidão e cárcere privado em um prostíbulo localizado em área limítrofe de um dos canteiros de obras da hidrelétrica de Belo Monte. A operação foi realizada após denúncia de uma garota de 16 anos, que conseguiu fugir. A adolescente procurou a conselheira do Conselho Tutelar, Lucenilda Lima, que acionou a polícia.

Além da situação de cárcere privado, a polícia encontrou no local um caderno onde eram anotadas as dívidas das meninas, como gastos com passagens, alimentos e vestimentas, além de “multas” por motivos diversos.

Segundo integrantes do Conselho Tutelar, as garotas disseram ter muito medo de retaliações, uma vez que o dono da boate teria ameaçado seus familiares que moravam no Sul. Em entrevista, uma das jovens resgatadas contou que, assim que a adolescente de 16 anos conseguiu fugir, o gerente a seguiu com uma arma.

“Ele saiu atrás dela armado e disse que não custava matar uma, que ninguém ficaria sabendo”, afirma a garota, que tem 18 anos. Procedente de Joaçaba, ela conta que lá trabalhava em uma boate cuja cafetina era “sócia” do dono da boate no Pará. “Viemos em nove lá de Joaçaba. Falaram para a gente que seria muito bom trabalhar em Belo Monte, que a gente ganharia até R$ 14 mil por mês, mas quando chegamos não era nada disso”, contou.

“Já de cara fizemos uma dívida de R$ 13 mil por conta das passagens [valor cobrado do grupo]. Aí temos que comprar roupas, cada vestido é quase R$ 200, e tudo fica anotado no caderninho pra gente ir pagando a dívida. E tem também a multa, qualquer coisa que a gente faz leva multa, que também fica anotada no caderno. Depois de cada cliente, a gente dava o dinheiro para o dono da boate pra pagar as nossas dívidas, eu nunca ganhei nenhum dinheiro para mim”, explicou a garota.

Sobre as condições às quais foram submetidas na boate, ela conta que morava com outras três meninas em um pequeno quarto muito quente, e que realmente não tinha permissão de sair do local. “Eles ligavam o ar condicionado só por uma hora. A gente tinha que trabalhar 24 horas por dia; quando tinha cliente, tinha que atender”, afirma.

“De comida, tinha almoço e janta. Se você estava trabalhando na hora do almoço, tinha que esperar a janta. Se desse muita fome, a gente tinha que comprar um lanche. O gerente da boate dizia que a gente só poderia sair depois de pagar todas as dívidas, e que nem adiantava reclamar porque ninguém ia nos ajudar, ele era amigo da justiça e nunca ninguém ia fazer nada contra ele. Mas ele disse que se a gente falasse, eles iam atrás dos nossos filhos e parentes lá no Sul.”


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