Uva típica do Chile tem a folha avermelhada
Por Rodrigo Leitão O Chile foi nosso adversário no sábado na Copa do Mundo.

Por Rodrigo Leitão
O Chile foi nosso adversário no sábado na Copa do Mundo. Então, resolvi falar hoje da uva típica chilena, a carmenère. O Chile produz excelentes vinhos. Também é o maior exportador dessa bebida para o Brasil. As duas uvas emblemáticas são a carmenère e a sauvignon blanc. A primeira foi redescoberta há duas décadas. Pensava-se que a carmenère, uva original de Bordeaux, na França, estava extinta. Os chilenos bebiam carmenère pensando que era merlot. Mas um enólogo francês convocado ao Chile para melhorar a qualidade do vinho, no final dos anos setenta do século passado, constatou que, na verdade, aquela uva era a carmenère, extinta há mais de um século na França, devido a uma praga que se abateu sobre os vinhedos bordaleses. A diferença foi verificada pela folha da parreira. A merlot tem folha verde e a carmenére (que podemos até dizer se tratar de uma merlot mais exacerbada) tem folha avermelhada.
Desfeita a confusão, o Chile passou a investir na segunda espécie e, mais recentemente, uma joint-venture entre a Concha y Toro (maior produtora chilena) e a casa francesa Baron Philippe de Rothschild restabeleceu o corte original dos vinhos de Bordeaux: Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc e Carmenère. Esse vinho é produzido no Vale Maipo, que fica na zona central do Chile, em Puente Alto. O vinho chama-se Almaviva (à direita). Premiadíssimo, esse vinho está no mercado há 14 anos. A primeira safra é de 1996. Ele é considerado um dos melhores vinhos do mundo. No Chile, custa US$ 25 (R$ 45), US$ 75 em Nova York (R$ 135), mas aqui no Brasil, pela ganância arrecadadora do Estado (com impostos) e a sede capitalista desenfreada e cara-de-pau dos atravessadores, o preço é salgado. Uma garrafa de Almaviva 2006, em Brasília, está custando a bagatela de R$ 490. Cá pra nós, nem vale tanto.
Dica de Harmonização
Casa Lapostolle Carmenère - Esse vinho é uma excelente relação qualidade/preço e apresenta uma casa com muito boa produção. Os vinhedos são orgânicos e ficam na região de Santa Cruz, na Vale do Rapel. É um vinho jovem, por isso não vá com muita sede ao pote. Abra a agarrafa meia hora antes de beber e, se possível, passe no decantador antes de servir. Tem álcool de vinho de guarda: 14,5%. A safra 2010 está no auge. O diferencial desse vinho é que ele não se apresenta tão vegetal quanto a média dos carmenères, já que recebe um conforto de 15% de merlot, o que dá uma arredondada nele. Preço médio: R$ 65.
Santa Digna Sauvignon Blanc - É um reserva. O produtor Miguel Torres não faz vinhos tranqüilos. Um dos maiores nomes da Espanha, a vinícola Miguel Torres revolucionou a forma de fazer vinhos no Chile, onde está desde 1979. Esse sauvignon blanc é extremamente mineralizados (pela proximidade dos Andes) e pega a tal corrente úmida do Pacífico, o que garante muito frescor e acidez ao vinho, características apropriadas para frutos do mar condimentados. . O Chile é considerado entre os melhores produtores de sauvignon blanc, juntamente com a França, na região de Bordeaux, e a Nova Zelândia. Mas cuidado, esta uva é muito delicada e os vinhos que ela produz passam muito rapidamente. No máximo, compre a safra até dois anos antes do ano corrente. A 2012 é pra ser bebida agora. Não caia no conto do vendedor pra desencalhar as anteriores. Preço médio no Brasil: R$ 50.
Rodrigo Leitão, especialista em enogastronomia.
O colunista dedica-se há três décadas ao jornalismo e já passou por redações como O Globo, Jornal de Brasília, TV Brasília, TV Band e Rádio Band News FM, em Brasília onde atua no segmento de comunicação e eventos. Rodrigo Leitão organiza anualmente o Brinda Brasil – Salão do Espumante de Brasília, o maior encontro nacional exclusivamente com produtores de espumantes. Ele já atuou nas áreas de Economia, Política, Internacional, Cultura e Saúde, onde conquistou vários prêmios.
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